LINGUAGENS E EDUCAÇÃO
Este BLOG é um espaço de compartilhamento de material didático. Elaborado pela Profa. Sonia Galvão, contará com material de autoria dos alunos do Curso de Letras da FASB (Faculdade de São Bernardo do Campo), na disciplina Prática de Ensino: Produção de Material Didático.
2 de fevereiro de 2015
24 de dezembro de 2010
Surrealismo
“Realizar produções artísticas, individuais e/ou coletivas nas linguagens da arte (música, artes visuais, dança, teatro, artes áudiovisuais) analisando, refletindo e compreendendo os diferentes processos produtivos com seus diferentes instrumentos de ordem material e ideal, como manifestações sócioculturais e históricas.” (p.51)
Habilidades a serem desenvolvidas em Arte:
Reflexão: “O fazer artístico é sempre combinado ao ato de refletir” ( p.50)
Humanização: “O intuito é o de capacitar os estudantes a humanizarem-se como cidadãos inteligentes, sensíveis, estéticos, reflexivos, criativos e responsáveis, no coletivo, por melhores qualidades culturais na vida dos grupos,(...)” (p.50)
Abstração: “ Os estudantes (...) podem aprender a desvelar uma pluralidade de significados, de interferências culturais, econômicas, políticas atuantes nestas manifestações culturais (...) Aos poucos os alunos, através de pesquisa, observações e análises críticas, podem descobrir como vão sendo tecidas e transformadas as histórias.” (p.50)
Material necessário para o exercício em sala:
• DVD player ou DataShow com aproximadamente 5 minutos de filme gravado.
• 10 manchetes jornalísticas recentes – escritas na lousa com a referida fonte e data. (violência, corrupção, banalidades, política, economia e arte)
• Aproximadamente 30 revistas velhas para serem recortadas.
• Tesouras
• Cola
• 5 painéis (de qualquer tamanho e qualidade de papel) para que 5 grupos façam “seu registro” da manchete jornalística que pode ser sorteada para os grupos.
Este exercício é uma proposta de INTRODUÇÃO ao tema do movimento Surrealista através de uma análise semiótica de cenas do filme UM CÃO ANDALUZ, combinada ao fazer artístico “que não se baseie em experimentação livre e desconexa” (p.51) pela pressuposição induzida pelo professor aos alunos (através de um debate, por exemplo) de que há uma categorização na escolha de cada signo que compõe cada imagem.
O professor, antes de iniciar o exercício deve indagar a sala: “Quem acha que arte abstrata, ou surreal, é como propôs o poema de Tristan Tzara*, sobre o dadaísmo = experimentação livre e desconexa ?”
*O tema Dadaísmo deve preceder a este exercício.
Divergências de respostas são esperadas.
O professor deve então iniciar a projeção do filme. Em seguida deve proceder com alguma explicação sobre o mesmo, usar a Wikipedia como fonte pode ser um excelente exemplo de como fazer uma pesquisa útil na internet. Segue texto na íntegra extraído do site Wikipedia, que ficará somente com o professor, para que ele/ela leia e frise alguns pontos na lousa.
“Un chien andalou (Um cão andaluz) é um filme surrealista lançado em 1928 na França e dirigido/escrito por Luis Buñuel e Salvador Dalí. É considerado o maior representante do cinema experimental surrealista, embora exista outros filmes do gênero. Foi realizado em 1928, época ainda do ápice das vanguardas européias, o filme nasceu de uma colaboração de Luis Buñuel com o pintor Salvador Dalí.
Sinopse
O filme não possui uma história na ordem normal dos acontecimentos, e.g. passa de "era uma vez" direto para "oito anos depois". Utiliza a lógica dos sonhos, baseado em conceitos da psicanálise de Freud, como o inconsciente e as fantasias.
O filme representa uma reunião de imagens oníricas, encadeadas no vídeo como se fossem um pesadelo, repleto de cenas metafóricas.
A primeira cena mostra uma mulher que tem seu olho cortado por uma navalha por um homem. O homem com a navalha é interpretado pelo próprio Buñuel. Numa cena seguinte aparecem formigas saindo da mão do ator, uma possível alusão literária à expressão francesa fourmis dans les paumes (formigas nas mãos) que significa "um grande desejo de matar".
Alguns críticos resenham o filme indicando que seu enredo seria uma viagem à mente perturbada de um assassino e as suas confissões traduzidas em imagens, porém, tal interpretação é vaga, pois por se tratar de uma história surrealista, o senso e a ordem natural das coisas são ausentes.
Este filme é tratado como o ícone do cinema do descrito manifesto surrealista de André Breton, pois constitui uma importante tentativa de rompimento com toda a lógica e linearidade narrativa com forte apelo e referência à dimensão onírica. A idéia derivada dos próprios sonhos de Salvador Dali e Buñuel e complementada pela justaposição de imagens apontadas pelos dois, criou um curta cheio de imagens desconexas, e algumas até chocantes, como a do globo ocular sendo seccionado. O efeito causado nos espectadores foi a tentativa de achar uma lógica para imagens, criando uma série de interpretações, todas presas nos valores vigentes. A resposta estava no inconsciente.
Com fotografia em preto-e-branco e mudo, o filme colabora com a estética surrealista proposta pelo cineasta. Outra experiência de Buñuel com o cinema surrealista seria também a sua película posterior, "A Idade do Ouro" (L'Âge d'Or).
http://pt.wikipedia.org/wiki/Un_chien_andalou
acessado em 18/12/2010 ás 19:29
Após detalhar e refletir o que o site oferece como BASE para reflexão sobre o estilo Surrealista do filme, propor o desafio aos alunos:
EXERCÍCIO:
“Escolha / ou pegue um dos temas jornalísticos aleatoriamente. (As manchetes podem ser escritas em tiras de papel e colocadas em um saco para que os alunos as retirem aleatoriamente)
Com seu grupo, selecione imagens que possam capturar a essência da manchete jornalística escolhida / sorteada, como fizeram Salvador Dali e Luís Buñuel ao compor UM CÃO ANDALUZ.
Disponha-as na cartolina / papel off-set seguindo um rigor (ou lógica) para que cada integrante do grupo possa falar sobre a sequência das imagens escolhidas SEMPRE atrelando à elas o cerne da manchete jornalística tema”.
Fonte Consultada:
Parâmetros Curriculares Nacionais – Ensino Médio. pp. 46-51.
14 de dezembro de 2010
COMPETÊNCIA 7 – MATRIZ DE REFERÊNCIA DE LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
Refletir sobre a relação entre pais e filhos no modelo de sociedade atual, em que os valores mudam constantemente é uma tarefa árdua, mas que faz-se necessário.
É comum a gente sonhar, eu sei, quando vem o entardecer
Pois eu também dei de sonhar um sonho lindo de morrer
Vejo um berço e nele eu me debruçar com o pranto a me correr
E assim chorando acalentar o filho que eu quero ter
Dorme, meu pequenininho, dorme que a noite já vem
Teu pai está muito sozinho de tanto amor que ele tem
De repente eu vejo se transformar num menino igual à mim
Que vem correndo me beijar quando eu chegar lá de onde eu vim
Um menino sempre a me perguntar um porque que não tem fim
Um filho a quem só queira bem e a quem só diga que sim
Dorme menino levado, dorme que a vida já vem
Teu pai está muito cansado de tanta dor que ele tem
Quando a vida enfim me quiser levar pelo tanto que me deu
Sentir-lhe a barba me roçar no derradeiro beijo seu
E ao sentir também sua mão vedar meu olhar dos olhos seus
Ouvir-lhe a voz a me embalar num acalanto de adeus
Dorme meu pai sem cuidado, dorme que ao entardecer
Teu filho sonha acordado, com o filho que ele quer Ter.
A letra traz a voz de um pai ansioso pela chegada do filho, a quem vai amar, abraçar, beijar e cuidar, um filho sonhado, desejado e que quando crescer, desejará também um filho assim como o seu próprio pai desejou e o amará tanto como seu pai o amou.
O professor Içami Itiba, em seu artigo “Desenhando a Família” comenta o assunto:
“Hoje em dia, pai e mãe trabalham fora e filhos vão para as escolas com dois anos de idade. Babás e parentes, principalmente avós, ajudam na criação das crianças. Muitos desses pais estão separados e recasados e alguns avós também. O convívio familiar fica muito curto, o que torna mais difícil passar valores familiares aos filhos. Os pequeninos já nascem no mundo digital (apressados, querendo todo tipo de presente), imediatistas e pulam do presente 1 para o presente 3 sem passar pelo 2 - diferentemente dos avós analógicos, cujos ponteiros passam por todos os números. Os pais vivem a transição entre digitais e analógicos. Os filhos só querem o que vêem pela frente, não se incomodando com o que deixaram para trás.
Pouco convívio com os pais, associado ao consumo incentivado pelos avanços tecnológicos, faz dos filhos pessoas sem história familiar, sem afetos ou tradição, pois vivem o presente e querem o futuro, mas esquecem do passado”. (http://www.tiba.com.br/artigos/?n=015)
Assim, é possível encontrar familias unidas, cujos pais se preocupam com o crescimento e desenvolvimento pessoal, acadêmico e profissional do filho bem como aquelas que estão desestruturadas e não sabem como agir diante do mundo que se lhes apresenta.
Influências externas
Os valores humanos devem ser transmitidos aos filhos desde pequenos, valores estes que contribuirão para a formação do caráter do indivíduo.
No entanto, há influências externas que podem prejudicar a relação existente entre pais e filhos e que podem induzí-los a agir de maneira não desejada. Um grande vilão, por exemplo, pode ser a mídia. Os pais passam muito tempo fora de casa e os filhos tem acesso facilitado a computador, internet e televisão. A mídia tem o poder de seduzir, de ditar comportamentos, de convencer.
Observe a tirinha da Mafalda:
A tirinha deixa claro o poder de convencimento da mídia. O consumismo se apresenta como a única forma de obter a felicidade e isto é apresentado as crianças logo cedo.
No artigo “Pais ocupados, filhos distantes”, o professor Içami Tiba acrescenta:
“Os avanços tecnológicos trouxeram também o consumismo, o estresse, a falta de tempo... Falta de tempo? Acredito que nem tanto. Vivemos é em um mundo diferente. Temos tudo para poupar tempo. Revivemos amizades a um simples toque de teclado adentrando no mundo virtual. Encontramos tantos amigos num dia só que no passado levaríamos “séculos” para encontrá-los pessoalmente”.
Além disso, as crianças e jovens são dominados pela moda, pelo modelo de artistas ou cantores famosos, ou ainda, querem contrariar, rebelar-se diante dos padrões preestabelecidos e tidos como normais e válidos, apenas para chamar a atenção. Muitos se valem da chantagem para conseguir o que querem.
Aprendizagem mútua
Os pais são os responsáveis pela partilha do conhecimento com seus filhos. É uma verdade universal quando se afirma que os filhos são o reflexo dos pais. Porém, os pais não são mais os detentores da verdade. Embora se responsabilizem pela educação dos filhos, não devem impor suas verdades. A aprendizagem deve ser mútua.
Roberto Shinyashiki em seu artigo “Pais também aprendem com os filhos” esclarece:
“Os filhos são mestres que a Existência nos envia para que tenhamos novas oportunidades de aprendizado e renovação. O verdadeiro crescimento se dá quando pais e filhos estão abertos para o aprendizado, quando quem ensina sabe que, em sua tarefa, existe sempre a grande oportunidade da descoberta”.
Observe o trecho de uma música do rapper Marcelo D2 que ele canta juntamente com seu filho:
Eu e Meu Filho
Stephan: Você é o reflexo do espelho do seu pai. Eu também. Uma coisa eu aprendi, planto amor pra colher o bem.
Marcelo: Ah moleque! Assim que é meu filho, assim você me deixa orgulhoso. Uma coisa que a gente tem que ter muito no coração é amor. E é por essas e outras...
Marcelo: Que Eu me desenvolvo e evoluo com meu filho.
Stephan: Eu me desenvolvo e evoluo com meu pai.
Este trecho evidencia que os filhos podem aprender com os pais e os pais também podem aprender com os filhos.
Para saber mais:
1) O senhor Içami Tiba é psiquiatra e educador. Escreveu “Família de alta performance, Quem ama, educa!” e mais 26 livros. É colunista do site Uol Educação (http://educacao.uol.com.br/). Seu site oficial é http://www.tiba.com.br/.
Sobre o assunto, o professor faz algumas considerações importantes sobre a educação, pais e filhos. Leia em http://blogs.abril.com.br/divadomasini/2009/05/consideracoes-mestre-icami-tiba-sobre-educacao-pais-filhos.html
2) Roberto Shinyashiki é médico psiquiatra, pos-graduado em gestão de Negócios (MBA-USP) e doutor em Administração de Empresas (USP) profundo conhecedor da alma humano. Visite seu blog: http://shinyashiki.uol.com.br/blog/
Atividades propostas
A seguir são apresentados textos variados que englobam o tema apresentado: a relação entre pais e filhos. Com base no texto A relação entre pais e filhos reflita as seguintes questões:
Habilidade 21: Reconhecer em textos de diferentes gêneros, recursos verbais e não verbais utilizados com a finalidade de criar e mudar comportamentos e hábitos.
Os textos verbais e não verbais estão juntos formando uma poderosa arma de sedução, por isso ficamos tão vulneráveis a ela. Através de imagens e palavras, existem informações que só é possível com a experiência da leitura e os conhecimentos adquiridos.
A imagem a seguir se trata de um texto não verbal que tem a finalidade de criticar um comportamento.
1. Na imagem o filho está posicionado como peça central na relação familiar. Além disso, podemos perceber que sua figura é representada por um controle remoto enquanto, que seus pais são representados por uma televisão. Podemos deduzir que os pais estão realmente preocupados com aquilo que os filhos vêm na televisão e como isto pode influenciar nas suas tomadas de atitude? Ou a imagem chama a atenção para o poder que os meios de comunicação têm em influenciar e ditar comportamentos? Por fim, que papel desempenha o filho como peça central nessa relação?
Habilidade 22: Relacionar, em diferentes textos, opiniões, temas, assuntos e recursos lingüísticos.
Leia o trecho da música Pais e filhos. O cantor Renato Russo pertenceu a uma geração que contestava os modelos sociais impostos e muitas de suas canções refletem esse pensamento questionável e crítico:
Você me diz que seus pais
Não entendem
Mas você não entende seus pais...
Você culpa seus pais por tudo
Isso é absurdo
São crianças como você
O que você vai ser
Quando você crescer?
O cantor chama a atenção para a atitude dos filhos que culpam os pais pelos seus fracassos e por sentirem-se incompreendidos.
2. Baseando-se neste pensamento, leia a letra de outra música, desta vez do cantor Sérgio Reis e analise as seguintes questões:
Couro de Boi
Conheço um velho ditado, que é do tempo dos agáis.
Diz que um pai trata dez filhos, dez filhos não trata um pai.
Sentindo o peso dos anos sem poder mais trabalhar,
o velho, peão estradeiro, com seu filho foi morar.
O rapaz era casado e a mulher deu de implicar.
"Você manda o velho embora, se não quiser que eu vá".
E o rapaz, de coração duro, com o velhinho foi falar:
Para o senhor se mudar, meu pai eu vim lhe pedir
Hoje aqui da minha casa o senhor tem que sair
Leve este couro de boi que eu acabei de curtir
Pra lhe servir de coberta aonde o senhor dormir
O pobre velho, calado, pegou o couro e saiu
Seu neto de oito anos que aquela cena assistiu
Correu atrás do avô, seu paletó sacudiu
Metade daquele couro, chorando ele pediu
O velhinho, comovido, pra não ver o neto chorando
Partiu o couro no meio e pro netinho foi dando
O menino chegou em casa, seu pai foi lhe perguntando.
Pra quê você quer este couro que seu avô ia levando
Disse o menino ao pai: um dia vou me casar
O senhor vai ficar velho e comigo vem morar
Pode ser que aconteça de nós não se combinar
Essa metade do couro vou dar pro senhor levar
• O tema tratado em ambas músicas é a relação entre pais e filhos. De que forma, os autores abordam essa mesma temática em cada canção?
• As músicas apresentadas pertencem a gêneros distintos. A primeira pertence ao gênero denominado MPB – Música Popular Brasileira, já a segunda pertence a um gênero regional denominado Moda de Viola – Sertaneja. Você conhece outra música que trate do mesmo tema com um gênero musical diferente?
Habilidade 23: Inferir em um texto quais são os objetivos de seu produtor e quem é seu público-alvo, pela análise dos procedimentos argumentativos utilizados.
É evidente que os jovens são o alvo preferido da mídia. Por um lado, eles têm o poder de convencer os pais a comprar algo que lhe seja conveniente e por outro, também influenciam os irmãos mais novos, que os vêm como exemplos em quem se espelhar.
A linguagem publicitária mantém constante diálogo com seu interlocutor e consumidor. O objetivo das imagens publicitárias é vender um produto e para isso, são usados os mais variados recursos, dos mais simples aos mais sofisticados, sempre em função do público-alvo. As imagens utilizadas são claras, simples e a linguagem é direta e objetiva.
Observe a seguinte imagem publicitária:
3. A imagem apresenta elementos representativos de um determinado público: bens de consumo. Podemos observar celular, relógio, cigarros, CDs, roupas, computadores, alimentos, logomarca de determinado produto, etc. A partir desses elementos responda: Qual é o público alvo a ser atingido? E qual é o poder que a imagem exerce sobre esse público?
Habilidade 24: Reconhecer no texto estratégias argumentativas empregadas para o convencimento do público, tais como intimidação, sedução, comoção, chantagem, entre outras.
As Histórias em Quadrinhos constituem hoje uma expressão de arte, de comunicação e de transmissão de cultura. Dois elementos básicos da comunicação caracterizam este gênero textual: o desenho e o texto em linguagem direta, que apresentam recursos lingüísticos e visuais.
Os desenhos ou imagens são responsáveis pela descrição de cenários, situações, personagens e suas características e até mesmo emoções e sentimentos, sentimentos estes que podem comover, convencer, seduzir, intimidar, entre outros.
Leia e analise a tirinha:
Obs.: A história foi traduzida por nós.
O discurso de Calvin foi persuasivo, ou seja, ele convenceu o pai a fazer o que ele queria. Para isso, usou estratégias argumentativas.
As estratégias argumentativas são mecanismos utilizados para seduzir ou convencer alguém de algo. Pode ser utilizada a linguagem gestual para transmitir emoções e intenções ou mesmo a verbal através da fala.
Na tirinha, Calvin tem um objetivo: andar de cavalinho, isto é, ser carregado pelo pai. Que estratégias argumentativas ele utilizou para convencer seu pai? E de que forma você pode perceber isto através da linguagem gestual?
Reflexão sobre as atividades propostas:
Segundo os PCNs na área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias:
“A linguagem é considerada aqui como capacidade humana de articular significados coletivos em sistemas arbitrários de representação, que são compartilhados e que variam de acordo com as necessidades e experiências da vida em sociedade. A principal razão de qualquer ato de linguagem é a produção de sentido. Podemos, assim, falar em linguagens que se inter-relacionam nas práticas sociais e na história, fazendo com que a circulação de sentidos produza formas sensoriais e cognitivas diferenciadas. Isso envolve a apropriação demonstrada pelo uso e pela compreensão de sistemas simbólicos sustentados sobre diferentes suportes e de seus instrumentos como instrumentos de organização cognitiva da realidade e de sua comunicação. Envolve ainda o reconhecimento de que as linguagens verbais, icônicas, corporais, sonoras e formais, dentre outras, se estruturam de forma semelhante sobre um conjunto de elementos (léxico) e de relações (regras) que são significativas...”. (PCN-EM 2000, página 19)
As atividades propostas por nós desenvolvidas visam desenvolver a Competência 7: Confrontar opiniões e pontos de vistas sobre as diferentes linguagens e suas manifestações específicas. As atividades propõem ao aluno reconhecer diferentes gêneros textuais, recursos lingüísticos, verbais e não verbais, refletir sobre o texto e seu contexto, deduzir objetivos e intenções e por último, reconhecer estratégias argumentativas empregadas a fim de alcançar uma postura reflexiva e crítica diante do mundo que o cerca.
Cleusa M. M. Silva
Eridan B. B. de Queiróz
Soraia G. Costa
LINGUAGEM E IDENTIDADE: Variação Lingüística e Norma Padrão
O Poeta da Roça (Patativa do Assaré)
Trabaio na roça, de inverno e de estio
A minha chupana é tapada de barro
Só fumo cigarro de paia de mio.
Sou poeta das brenha, não faço o papé
De argum menestrê, ou errante cantô
Que veve vagando, com sua viola,
Cantando, pachola, à percura de amô.
Não tenho sabença, pois nunca estudei,
Apenas eu seio o meu nome assiná.
Meu pai, coitadinho! vivia sem cobre,
E o fio do pobre não pode estudá.
Meu verso rastero, singelo e sem graça,
Não entra na praça, no rico salão,
Meu verso só entra no campo da roça e dos eito
E às vezes, recordando feliz mocidade,
Canto uma sodade que mora em meu peito.
Onde as onda se espaia
As garça dá meia volta
E senta na beira da praia
E o cuitelinho não gosta
Que o botão de rosa caia,ai,ai
Ai quando eu vim
da minha terra
Despedi da parentália
Eu entrei no Mato Grosso
Dei em terras paraguaia
Lá tinha revolução
Enfrentei fortes batáia,ai, ai
A tua saudade corta
Como aço de naváia
O coração fica aflito
Bate uma, a outra faia
E os óio se enche d´água
Que até a vista se atrapáia, ai...
sou Xavante e Cariri,
Ianonami, sou Tupi
Guarani, sou Carajá.
Sou Pancararu,
Carijó, Tupinajé,
Potiguar, sou Caeté,
Ful-ni-o, Tupinambá.
Depois que os mares dividiram os continentes
quis ver terras diferentes.
Eu pensei: "vou procurar
um mundo novo,
lá depois do horizonte,
levo a rede balançante
pra no sol me espreguiçar".
eu atraquei
num porto muito seguro,
céu azul, paz e ar puro...
botei as pernas pro ar.
Logo sonhei
que estava no paraíso,
onde nem era preciso
dormir para se sonhar.
Mas de repente
me acordei com a surpresa:
uma esquadra portuguesa
veio na praia atracar.
De grande-nau,
um branco de barba escura,
vestindo uma armadura
me apontou pra me pegar.
E assustado
dei um pulo da rede,
pressenti a fome, a sede,
eu pensei: "vão me acabar".
me levantei de borduna já na mão.
Ai, senti no coração,
o Brasil vai começar.
O futebol, esporte criado na Inglaterra, chegou ao Brasil através de marinheiros ingleses que o praticavam na praia, companhias inglesas cujos empregados formavam times, e jovens abastados que iam estudar no exterior. Charles Miller e Oscar Cox fazem parte deste último grupo, e segundo os historiadores, são os responsáveis pela criação dos primeiros times de futebol no Brasil. Ambos filhos de ingleses, foram estudar na Europa e trouxeram na bagagem de volta as bolas e as regras do esporte bretão -- Charles Miller
No começo de sua prática no Brasil, o futebol era um esporte de elite, jogado por estudantes ricos ou por ingleses. Na imprensa, muitos dos termos utilizados na reportagem sobre os jogos eram em inglês[1] : "O 'match' de hoje, ..., vae ser uma festa brilhante." (O Estado de São Paulo, 2/10/1910); "Os 'goals' do Palmeiras foram feitos por Irineu e Mario Egydio" (Idem); "Pode-se ... afirmar que esta tarde as arquibancadas regorgitarão de amadores do 'foot-ball'." (Idem); "O 'team' do Ipiranga ... apresentou-se magnificamente treinado, com uma linha de 'forwards' velozes, com uma defesa hábil e segura." (O Estado de São Paulo, 14/11/1910); "Servirá de 'referee' o sr. A. Kirschner, do S. C. Germânia." (Idem); "Mário envia alguns 'shoots' em 'goal', os quais são defendidos por Bozzato." (O Estado de São Paulo, 25/11/1919).
Nas reportagens do começo deste século, ou seja, dos primórdios do futebol no Brasil, já se encontram alternâncias entre termos ingleses e seus equivalentes em língua portuguesa: "Foi convocada ... uma reunião extraordinária do conselho desta liga, para resolver sobre uma reclamação a propósito do último jogo[2] ." (O Estado de São Paulo, 9/11/1910); "O juiz, sr. Urbano de Moraes, ... poz em evidência as suas excellentes qualidades de 'referee'." (O Estado de São Paulo, 14/11/1910). Nesses casos de termos já exitentes em português, os vocábulos ingleses foram naturalmente aos poucos caindo em desuso.
Vários termos emprestados do inglês, após adaptação fonológica ao português brasileiro, foram definitivamente consolidados no uso dos falantes (Ex.: futebol, time, chute). No caso do vocábulo que designa aquilo que o torcedor mais quer ver (ou seja, a bola na rede, o gol), as coletâneas a seguir mostram que a grafia do termo em inglês persistiu apenas na primeira metade do século: "o 'goal' de Caxambú (o segundo da série)" (dizeres sob uma foto no jornal A Gazeta Esportiva, de 20/09/1943); "Gôl! Baltazar (escondido pelo arqueiro guarani) arremata e consigna o tento da vitória" (dizeres sob uma foto na revista A Gazeta Esportiva Ilustrada, de março de 1954). No entanto, a transformação na fala provavelmente se deu muito antes que na escrita, conforme mostra a seguinte ocorrência do vocábulo derivado morfologicamente de "gol" para designar aquele que o defende: "O goleiro do Ipiranga machuca-se e o jogo é suspenso por 2 minutos." (A Gazeta Esportiva, 15/12/1930).
Acima, vemos um dos exemplos de termos em português que conviveram por muitos anos com os seus equivalentes em inglês na imprensa brasileira. Os termos "goal-keeper" ou simplesmente "keeper" foram tão largamente usados pela imprensa que chegam a aparecer no dicionário Aurélio como sinônimos de goleiro, com uma grafia "aportuguesada" (golquíper, quíper): "Salta o 'keeper' guarani e empolga a pelota, com classe e elasticidade." (dizeres sob a foto de um goleiro realizando uma defesa, na Gazeta Esportiva Ilustrada de março de 1954).
o começo do século já ocorria a ida de jogadores brasileiros para o exterior, onde o futebol se profissionalizou mais rapidamente e eles eram melhor remunerados. Além disso, times estrangeiros realizavam jogos amistosos ou participavam de torneios no Brasil. E em 1930, começam as disputas dos campeonatos mundiais de futebol, sendo o Brasil o único país a participar de todas as suas edições até os dias de hoje. Com isso, termos de outras línguas, como o francês e o espanhol, foram entrando no nosso léxico futebolístico: "... realizaram-se ante-hontem... os 'matches' de desempate entre as ... 'équipes' [do francês équipe] do Ruggerone F. C. e da A. A. Barra Funda." (O Estado de São Paulo, 25/11/1919); "O centro-avante alvi-verde focalizado pela nossa objetiva no momento de apontar às rêdes, já livre da zaga [do espanhol zaga] contrária." (dizeres sob a foto de um atacante marcando um gol, na Gazeta Esportiva de 20/09/1943). Nessa última coletânea, temos o exemplo de um termo em português que substituiu o vocábulo inglês ("centro-avante", no lugar de "forward" ou "center-forward") e de outro que convive até hoje com o termo de origem inglesa na fala de alguns locutores de futebol: "Guariba, dando uma 'entrada' contra um 'back' do Minas, recebe forte pontapé." (O Estado de São Paulo, 2/11/1919); "O árbitro deu falta do beque central a favor do tricolor." (narração de Luciano do Valle do jogo entre Ponte Preta e São Paulo, pela TV Bandeirantes, no dia 21/11/1999). Mas o próprio Luciano do Valle alterna o uso desse termo com aquele que é mais corrente para designar o setor defensivo de um time: "França meteu a bola no costado da zaga..." (idem). Esse locutor apresenta algumas peculiaridades em sua narração: ele é um dos poucos que ainda usa um termo de origem espanhola para designar o meio-campo (meia-cancha); por outro lado, ele também é um dos poucos narradores que prefere o uso da expressão em português equivalente ao vocábulo de origem inglesa, amplamente empregada pelos falantes brasileiros para designar uma falta dentro da grande área (Luciano do Valle sempre diz "penalidade máxima", enquanto a maioria dos falantes diz "pênalti").
ENTREVISTA TATIANA BELINKY
ENTREVISTA:
Tatiana Belinky1. De que maneira podemos incentivar as crianças e os adolescentes para a leitura?
Tatiana Belinky: Eu acho que tem de expor o livro à criança e expor a criança ao livro. A criança deve viver cercada de livros. A família deve ter livros em casa. Os pais devem ler. Se a criança não ver o livro, não vai se interessar.
2. Como a Internet e a televisão influenciam no processo da leitura?
Tatiana Belinky: Eu sou do tempo do livro.
3. Tem campo para todos os meios de comunicação?
Tatiana Belinky: Claro! E o livro não vai acabar. Mesmo com a televisão, a Internet, o livro eletrônico, sempre haverá o livro de papel, aquele de segurar na mão.
4. A senhora já fez adaptações de obras do Monteiro Lobato para a televisão?
Tatiana Belinky: Sim. De 1951 até 1968. Fiz adaptações do 'Sítio do Pica-Pau Amarelo' e de muitos outros livros.
5. Como ocorre a adaptação de um livro para um programa de televisão? Como as crianças encaram isso?
Tatiana Belinky: Muito bem! As crianças sempre encararam bem. No meu tempo, havia televisão, cinema, rádio, não tinha Internet. Com as adaptações, eu promovia o livro. O roteiro para televisão era assumidamente para promover o livro. Sempre havia uma corrida do público para a livraria, em busca dos livros e das histórias que eu adaptava. E as crianças liam, comentavam, criticavam e achavam o livro melhor que a televisão e vice-versa.
6. Um dos grandes sucessos editoriais dos últimos anos, Harry Potter está disponível em livro e em filme. O que a senhora pensa sobre esses formatos?
Tatiana Belinky: São válidos. Se for de boa qualidade, vale tudo. Não existe nada melhor, nem pior. Assim como não existe gente melhor, nem pior. Cada caso é um caso. Se for de boa qualidade, qualquer veículo é bom.
7. Qual é sua opinião em relação aos livros clássicos que são reescritos, utilizando uma linguagem mais atual?
Tatiana Belinky: Eu prefiro o original. Quando eu era criança e pré-adolescente, li adaptações de grandes clássicos, como Dom Quixote e de vários outros, mas isso foi um aperitivo para, depois, maior, ler o texto original. Se for uma adaptação inteligente e interessante, vai despertar a vontade do público de ler o original. É importante que a adaptação seja feita por um bom escritor para tenha qualidade.
8. O que Monteiro Lobato significou na sua vida pessoal e profissional?
Tatiana Belinky: O primeiro texto que tive em mãos, aos dez anos de idade, no Brasil, foi um do Monteiro Lobato. Mas não era livro, nem era o Sítio do Pica-Pau Amarelo. Tratava-se de um folheto do Laboratório Fontoura sobre o Jeca Tatu, que foi escrito por ele. Depois, li todos os seus livros e fiquei fascinada. Conheci o Monteiro Lobato quando já era casada e tinha filhos pequenos.
9. Qual é o segredo de uma boa literatura infantil?
Tatiana Belinky: Ser de boa qualidade e interessante. Quer dizer, a condição sine qua non é que a criança goste. Mas, eu, a autora, também tenho de gostar. Não há veículo ruim, a carne é que tem de ser boa.
10. E qual estilo literário é o preferido entre o público infanto-juvenil?
Tatiana Belinky: Cada caso é um caso. Não há dois escritores iguais, nem dois livros iguais. Quando me perguntam se eu prefiro isso ou aquilo, música clássica ou popular, eu digo: 'Depende do dia e da hora. Tem dia que prefiro a música popular, outro quero ouvir a clássica ou até mesmo o rock and roll'.
11. Tem alguma experiência recente que gostaria de relatar?
Tatiana Belinky: Em 84 anos de vida, eu tenho um milhão de experiências para contar. Mas, o que eu gosto mesmo é de escrever. Eu leio sem parar, desde os quatro anos de idade. Converso muito com crianças, com bibliotecárias, professores, pais. É uma delícia! Muito bom! Criança é um público maravilhoso, interessado, inteligente. Nunca se deve subestimar a inteligência de uma criança. Fazem perguntas que precisamos estar prontos para responder ou honestos o suficiente para dizer 'não sei'. Uma menininha de nove anos me perguntou se eu era a favor do aborto. As crianças sempre foram rápidas. Hoje em dia elas são 'bombardeadas', porque ouvem e vêem muita coisa e captam. Algumas coisas elas entendem, outras não e querem saber.
Ariadne Liberato Rosa de Oliveira
Cintia G. Tessari
Dalila Aparecida da Silva
Hercília Oliveira
7 de dezembro de 2010
Competência 6 – Compreender e usar os sistemas simbólicos das diferentes linguagens como meios de organização cognitiva da realidade pela constituição de significados, expressão, comunicação e informação.
1.
Catar feijão se limita com escrever:
joga-se os grãos na água do alguidar
e as palavras na folha de papel;
e depois, joga-se fora o que boiar.
Certo, toda palavra boiará no papel,
água congelada, por chumbo seu verbo:
pois para catar esse feijão, soprar nele,
e jogar fora o leve e oco, palha e eco.
2.
Ora, nesse catar feijão entra um risco:
o de que entre os grãos pesados entre
um grão qualquer, pedra ou indigesto,
um grão imastigável, de quebrar dente.
Certo não, quando ao catar palavras:
a pedra dá à frase seu grão mais vivo:
obstrui a leitura fluviante, flutual,
açula a atenção, isca-a como o risco.
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Descrição: | Exemplo: | |
Função referencial | É utilizada para transmitir uma mensagem. Refere-se ao que se diz. | |
Função poética | É utilizada para despertar no leitor a surpresa e o prazer estético. | |
Função fática | É utilizada como verificação do canal da mensagem, fortalecendo sua eficiência. | |
Função metalingüística | É utilizada para referenciar-se à própria linguagem, em processos explicativos. | |
Função emotiva ou expressiva | É utilizada para demonstrar as opiniões do emissor, como marcas pessoais. | |
Função conativa | É utilizada para persuadir o receptor, envolvendo-o com o conteúdo da mensagem. |
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar –sozinho, à noite–
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que disfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Bárbara Capelli
Bruna Marques
Paulo Rogério
Tiago Defacio